Há alguns anos, quando a “moda” de
colocar nas camisetas de funcionários frases ofertando serviços, a exemplo dos
servidores do Hospital Municipal de Ji-Paraná com a frase “Posso Ajudar?”
estampada nos uniformes, foi uma grande e grata surpresa, com a qual os
usuários levaram um tempo para entender e se acostumar. Na última terça-feira,
(1º), pessoas que passavam, apresadas, nas imediações da Rodoviária do Colono,
no 2º Distrito, foram surpreendidas com crianças usando coletes coloridos
confeccionados em E.V.A. com a frase “Posso ler para você?”. A abordagem causou,
novamente, furor, surpresa e encantamento nos transeuntes.
A iniciativa faz parte do projeto “O Sonho de Ler para Crescer”, desenvolvido desde maio deste ano por professores da Escola Municipal Irineu Dresh, localizada na Linha 128, Setor Riachuelo. O projeto consiste na confecção de cadernos de leitura pelos alunos com poesias, contos, crônicas, entre outros. Num segundo momento, os alunos saem às ruas para ler para as pessoas. Além da leitura, alguns alunos também preenchem um questionário para saber o quanto o entrevistado gosta de ler e quais suas leituras preferidas.
Esta é a terceira vez que o projeto
ganha as ruas. Desta vez, 28 alunos participaram. Pedro Victor Burgan Tavarez,
de 11 anos de idade, aluno do 5º ano, foi um deles. O “leitor” contou
entusiasmado que conseguiu realizar 26 leituras, ou seja, abordou 26 pessoas
que, por alguns minutos, deixaram de lado a correria do dia-a-dia, pararam para
ouvir um pouco de poesia e se maravilhar com a iniciativa dos alunos.
“Parei 26 pessoas para ler para eles.
Só dois não quiseram ouvir minha leitura, mas está bom né?”, ponderou, contente,
Pedro Victor.
“Com certeza é um novo desafio para
essas crianças. A construção de uma convivência social distante da realidade
deles. Sair da internet nos dias de hoje é um desafio. Conhecer pessoas, falar
com estranhos…isso tudo é muito bom”, opinou Ademir Souza, formado em
Filosofia, abordado por um dos alunos do projeto para ouvir uma parte da Canção
do Exílio, de Gonçalves Dias.
“A receptividade foi excelente. Muita
gente parou para ouvir as leituras. Alguns até sugeriram que o projeto se
estendesse e os alunos pudessem ir às casas para ler para a família toda. Está
sendo muito gratificante”, concluiu Paulo Edson, professor e coordenador
pedagógico da Irineu Dresh.