Nem o intenso calor que tem feito em
Rondônia nos últimos dias, nem a distância até a escola rural Ulisses Matosinho
Peres de Pontes (3ª Linha da Gleba G) foram o suficiente para ofuscar o sucesso
do primeiro dia da quarta edição do Seminário de Educação do Campo, realizado
pela Prefeitura de Ji-Paraná, por meio da Secretaria Municipal de Educação –
SEMED. O destaque do primeiro dia de trabalho ficou por conta da palestra do
professor/geógrafo Aloísio Souza da Silva, que veio do Espirito Santo
especialmente para proferir duas palestras aos participantes do Seminário.
“Quem está perdendo é quem não pôde estar aqui no Seminário. Hoje eu ganhei meu dia, meu mês ao ouvir uma palestra tão brilhante, uma pessoa com uma visão tão peculiar e profunda da sociedade em que vivemos”, disse a secretária de Educação Leiva Custódio Pereira, ao fim da apresentação do professor Aloísio, que discorreu sobre o Perfil do Educador do Campo.
Aloísio não só conjecturou sobre o
perfil ideal do educador do campo na contemporaneidade, como convocou a todos a
uma reflexão da conjuntura política e social, não só da escola como formadora
de seres politicamente ativos e representativos, como de todo o mundo, a partir
de uma abordagem histórica e crítica do modo de produção capitalista, neoliberal
e pós moderna.
Sem papas na língua
A abordagem desafiadora do professor
Aloísio despertou o público, que, no momento aberto aos questionamentos, trouxeram
à baila assuntos polêmicos como a política do Governo do Estado para Ensino
Médio na área rural, a mercantilização da educação superior em Rondônia e no
Brasil e, como não poderia ficar de fora, o debate nacional sobre o Projeto de
Lei 867/2015, que inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional o
Programa Escola sem Partido.
Sem medir palavras, o professor Aloísio
respondeu a todos os questionamentos seguindo sempre uma mesma linha de
pensamento, a da necessidade de uma conscientização maior dos atores da
educação do campo, visando concatenação de forças e ideias para o enfrentamento
do que ele chamou de “uma fase perversa do capitalismo neoliberal”, que,
segundo Aloísio, “cerca e apequena a agricultura campesina, cerca e apequena a
economia local, cerca e apequena até mesmo nossas ideologias, nossas convicções
em nome de uma retomada econômica que nunca chega”. “Iniciativas como o que
vocês têm aqui, o Educampo, precisa ser adotado, assimilado por todas as
pessoas envolvidas no processo, porque os governos, os governantes vêm e vão,
mas as ideias reais de políticas voltadas ao campo que estão dando certo devem
permanecer”, finalizou.
Após o almoço, o tema central dos
trabalhos seria a apresentação do Projeto Educampo, na sua dimensão histórica,
e a Apresentação dos Instrumentos Pedagógicos das duas escolas em que está
sendo desenvolvido o Projeto Educampo, a Escola Bárbara Heliodora (4ª Linha da
Gleba G) e a Escola Pérola (Linha 98, Setor Riachuelo).
Programação
Está programado para amanhã, quarta-feira
(09), a partir das 9h15, novamente a presença de Aloísio Souza da Silva, desta
vez discorrendo sobre “A importância de Cada Pessoa que Compõe o Processo de
Construção dos Saberes na Proposta Pedagógica de Alternância no Projeto
Educampo”, seguido de debate e avaliação do Seminário (10h15), a Recomposição
da Comissão de Articulação da Educação do Campo (11 horas) e fala de
encerramento do Seminário, com a secretária Leiva Custódio.