O resultado da parceria entre Semed, Semagri e Emater é uma mesa farta para os alunos |
Em Ji-Paraná, no entanto, uma
“força-tarefa” reunindo técnicos da Secretaria Municipal de Educação (SEMED),
Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária (SEMAGRI) e Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) foi formada no primeiro ano da
atual gestão para mudar essa realidade. O resultado desta parceria
pró-agricultura familiar não poderia ser melhor: não só foi alcançado o
percentual mínimo exigido por Lei já logo no segundo ano de mandato (2014), excedendo
em 2,3 pontos percentuais o piso estipulado pela União (cerca de R$ 200 mil) como
foi ultrapassado em muito esse percentual mínimo em 2015, chegando a 42,69% o
repasse feito pelo FNDE ao PNAE investido diretamente no pequeno agricultor
ji-paranaense, ou seja, exatamente R$ 311.110,25 em alimentos adquiridos para a
merenda escolar.
“Não houve nenhuma fórmula mágica para
se chegar a esse percentual, mesmo sendo ele o maior já alcançado pelo
Município desde a promulgação da Lei há mais de seis anos”, disse Renato
Eberson de Souza dos Santos, da Superintendência Contábil e de Convênios da
Semed, responsável pela prestação de contas dos recursos utilizados na merenda
escolar junto ao FNDE.
O Termo de Cooperação Técnica assinado
entre as duas secretarias e a Emater promoveu uma verdadeira revolução no
setor. Agricultores foram reunidos pela Semagri e capacitados por técnicos da
Emater para organizarem suas documentações para o credenciamento junto à
Prefeitura de Ji-Paraná.
“Temos acompanhado, feito essa
articulação junto aos agricultores para que eles possam participar mais intensamente
da economia local. Nosso agricultor planta e colhe produtos de qualidade, a
dificuldade mesmo é a entrega, essa organização, a legalização do seu
empreendimento rural. Este ano queremos inserir mais agricultores nos programas
de aquisição de alimentos. Estamos justamente nesse processo de legalização. Vamos
inaugurar, por exemplo, um abatedouro de aves este ano. Quando os produtores
participam destes programas eles ficam muito animados e querem sempre aumentar
e diversificar a produção para continuar vendendo”, lembrou Claudia Regina
Abreu, titular da Semagri.
Adequação à sazonalidade
Já o trabalho dos técnicos da
Secretaria de Educação foi mudar o sistema como era feita a Chamada Pública
para aquisição de alimentos para a merenda escolar. Se antes a Chamada para a
compra de alimentos era feita uma vez no ano, passou-se a fazer várias Chamadas
ao longo do ano para respeitar a sazonalidade dos alimentos produzidos pelos
pequenos agricultores do Município.
“Antes era feita uma Chamada no início
do ano para aquisição de todo o alimento que seria utilizado pelas escolas
durante todo o ano letivo. Como poderíamos adquirir um alimento na época das
águas que só é plantado e colhido na época da estiagem? Chegou-se, então, ao
consenso de fazer várias Chamadas ao longo do ano respeitando as épocas do
plantio e da colheita dos alimentos que mais ocorrem na região”, explicou
Renato.
Outro trabalho importante desenvolvido
pelos técnicos da Semed para possibilitar a aquisição de alimentos da
agricultura familiar em Ji-Paraná foi a sensibilização dos gestores escolares
da Rede Municipal de Ensino quanto à adequação dos cardápios das escolas,
sempre lembrando das vantagens de se adquirir alimentos mais saudáveis,
cultivados com menos ou às vezes até sem quaisquer tipos de agrotóxicos.
Coube às nutricionistas da Semed o
trabalho de auxiliar na elaboração dos cardápios das escolas respeitando sempre
a sazonalidade dos alimentos cultivados no Município. “O resultado de tudo
isso”, comemora Renato, “é uma mesa farta para o aluno, rica em nutrientes, com
alimentos saudáveis produzidos na nossa própria terra”.
Menos perda, mais lucro
Para o agricultor Sérgio Paulo Campo,
proprietário de uma horta no início da Linha 208, poder participar do PNAE,
vender verduras e legumes direto para as escolas foi a “salvação da lavoura”.
“Toda reunião que eles
(técnicos da Emater, Semagri e Semed) fazem, eles ligam pra gente poder
participar (…) eles ajudam a gente a deixar a firma tudo certinho (…) pra nós
aqui deu uma diferença enorme participar dos programas pra vender para as
escolas (…) como a gente trabalha com estufa (…) a gente planta bastante né, aí
chega um certo tempo que a mercadoria chega muito na rua, chega tudo de uma vez
só (…) e aí a gente perdia tipo 40 a 50% da produção porque a gente não tinha
pra quem vender (…) aí quando a gente entrou no PNAE esses 40% a gente já não perdeu
mais (…) a gente passou a vender pro governo né (…) tudo que eles fizeram só
facilitou a venda pra gente e aí a gente cresce”, conta, entusiasmado, o
agricultor Sérgio.