Uma conversa entre professores e
acadêmicos da Universidade Federal de Rondônia, Unir-Campos Rolim de Moura, e a
secretária de Educação de Ji-Paraná, Leiva Custódio Pereira esta semana, na
Secretaria Municipal de Educação (SEMED) pode resultar em uma ótima parceria em
prol da educação do campo. Os representantes do curso de Licenciatura em
Educação do Campo, oferecido pela universidade em Rolim de Moura se disseram
atraídos pela proposta pedagógica do Projeto Educampo, vendo-o, até, como uma
alternativa à educação do campo no Estado.
Fernando e Marcia se mostraram
encantados com os primeiros resultados do Projeto Educampo, exposto pelo
presidente da Comissão de Implantação do Projeto, Renato Eberson de Souza, pela
coordenadora da Educação do Campo da Semed, Janete Araújo Pereira, pelas
professoras Nilda Pereira e Maria de Lourdes Ferreira e pela própria
secretária.
A proposta pedagógica de uma didática
diferenciada para a educação do campo, segundo os doutores da Unir, vem ao
encontro, justamente, do que deverá ser debatido no seminário em setembro, que
deverá tratar das políticas recém apresentadas pelo Governo do Estado com
relação à educação do campo.
“A ideia recorrente entre os acadêmicos
do curso de Educação do Campo e de professores é o enfrentamento do que tem
sido colocado pelos representantes do governo estadual, como o fechamento de
escolas rurais e a adesão ao Projeto Ensino Médio com Mediação Tecnológica. Mas
não adianta só criticar, alternativas precisam ser colocadas e o projeto
Educampo pode ser uma alternativa real”, explicou Marcia Maria, sobre a
participação de Ji-Paraná no seminário em Rolim de Moura.
Parceria
Mas a conversa não ficou apenas em
torno do seminário, foi além. Discutiu-se a possibilidade de uma aproximação
maior entre Universidade e o Projeto Educampo. Professores e secretária foram
unanimes em destacar os benefícios que uma parceria entre ambos poderia
resultar. Se por um lado a Universidade, como detentora do conhecimento
acadêmico, pode legitimar a prática do que tem sido realizado no Projeto, toda
a experiência que tem sido acumulado pelos atores envolvidos no Educampo podem
contribuir com a legitimação da prática pedagógica da Universidade.
Multisseriado
Outro tema controverso discutido na
reunião foi a possibilidade da utilização do sistema de classes multisseriadas
nas escolas do campo, forma de organização de ensino em que o educador trabalha
na mesma sala de aula com alunos de diferentes idades e níveis educacionais.
Condenada por uns e defendida por outros, as classes multisseriadas surgiria
como alternativa para viabilizar a educação do campo, “melhor”, segundo os
doutores da Unir, “que uma educação mecanizada e distante da realidade local
como se desenha nas propostas do Estado”.
“Minha educação foi em classes
multisseriadas. Minha mãe foi professora por 30 anos de classes multisseriadas.
Não é possível que esta prática seja tão ruim assim que seja descartada como
alternativa ao fechamento de escolas nas áreas rurais”, defendeu,
veementemente, o doutor Fernando Vitório.
Especialização
Fez parte da pauta de discussão a
possiblidade de uma parceria também no sentido de capacitar melhor os
profissionais que estão envolvidos no Projeto Educampo, se possível, com a
oferta de mestrado na área de Educação do Campo. De acordo com a doutora Márcia
Maria, o curso de Licenciatura em Educação do Campo da Unir Rolim de Moura já
tem aventado essa possibilidade, bastando agora discutir em que condições poderia
ser firmada essa parceria num próximo encontro.
“Sinto a necessidade de nossos
professores em se aprofundar mais na questão pedagógica, acadêmica mesmo da
educação do campo. Eles, e aí digo todos que estão participando do Projeto,
estão vivenciando tanta coisa nova e bonita e seria realmente uma lástima não
aproveitar esse momento. Precisamos transformar toda essa experiência em uma
base educativa”, concluiu Leiva Custódio, que deve ir à Capital ainda esta
semana para buscar parceria com a Universidade relacionada à especialização
stricto sensu (mestrado e doutorado).