Um ótimo exemplo de como comunidade e
escola, juntas, podem transformar a educação, principalmente em bairros
carentes da cidade. Emanuel Pinheiro de Lima, de 8 anos, é aluno do 4º Ano do
Centro Municipal Menino Jesus, localizado no bairro JK, em Ji-Paraná. O pai de
Emanuel, Márcio José de Lima quando ia buscá-lo na escola sempre via um monte
de alunos saindo junto com o filho com brincadeiras agressivas, empurrando uns
aos outros, brigando…foi aí que Márcio, faixa preta 3º Dan em karatê resolveu
“canalizar” toda aquela energia em algo que pudesse ajudar as crianças daquela
comunidade. E assim nasceu o Projeto Kitsune Karatê na Escola, que hoje, em
menos de dois meses de iniciado, já conta com 40 alunos da Menino Jesus e despertou
a curiosidade pelo esporte de mais sete alunos da Janete Clair, escola estadual
localizada no mesmo bairro.
As aulas, como explicou o mestre de
karatê estilo Shorin Ryu, da Escola Seitokan, são ministradas na própria
escola, em um espaço utilizado para a prática de Educação Física. São 50
minutos de aula três vezes por semana, das 17h10 às 18 horas.
A pedido de Márcio, a secretaria de
Educação, Leiva Custódio Pereira autorizou a permanência de meia hora a mais do
vigilante nos dias de treino para ampliar o horário.
Em família
Agora adivinhem quem são os instrutores
que auxiliam o mestre Márcio nas aulas? O Emanuel e o irmão dele que estuda na
Janete Clair, o João Pedro Pinheiro de Lima, ambos graduados em karatê Shorin
Ryu.
“Quando vi a molecada com toda
aquela energia sendo desperdiçada não pensei em outra coisa: é preciso
direcionar, canalizar essa energia para algo bom para eles antes que se
transforme em algo ruim”, lembrou Márcio.
Para o Sensei Lima, a prática do karatê
traz junto com ela, “um conjunto de habilidades como concentração, respeito, disciplina.
A gente trabalha com defesa pessoal, contra a violência, ou seja, ensinamos a
criança a se defender, junto ela aprende a conter o ímpeto para a violência
dentro dela, aprende a ter disciplina. Tudo isso tem promovido mudanças no
comportamento delas na escola, em sala de aula”, explicou Márcio.
A ideia deu tão certo que já tem até
pai de aluno querendo praticar karatê. “Eles ficam assistindo as aulas, rindo,
prestando atenção. Alguns já até vieram me perguntar se poderiam participar.
Penso que seja só uma questão de tempo para eles se soltarem e começarem a
fazer as aulas também”, disse, otimista, o Sensei Lima.
“O Márcio é muito exigente mesmo,
principalmente com relação à disciplina e notas dos alunos. Ele sempre procura
conversar com os professores para saber sobre essas questões. Isso tem mudado
realmente o comportamento deles em sala de aula”, reforçou a diretora da
escola, Andréia Soares de Almeida.