sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Escolas do município terão palestra sobre alienação parental



“Uma criança, do sexo feminino, tinha verdadeiro horror ao pai, apresentando sintomas de depressão, tudo porque achou, durante anos, que havia sido abusada sexualmente pelo próprio genitor. Acontece que a violência não passou de uma invenção da mãe para afastar a filha do ex-marido”. Casos como o narrado pela psicóloga Hélem Machado Almeida tem sido destaque na imprensa nacional há alguns anos e é argumento recorrente nos tribunais de todo País em processos de troca de guarda. Trata-se da Síndrome de Alienação Parental, também conhecida por SAP ou ainda pela sua sigla em inglês PAS, que agora será debatida também nas escolas públicas do município num projeto que envolve a psicóloga, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e a Secretaria Municipal de Educação (Semed).
O projeto, iniciado este ano em escolas públicas do Estado, consiste em palestras com a participação de pais de alunos e comunidade em geral. Ainda esta semana a psicóloga e a fisioterapeuta Maria José de Araújo, do Nasf, devem receber um documento para que possam se apresentar nas escolas e escolher junto aos diretores a melhor data para o início do projeto.
O prefeito de Ji-Paraná, Jesualdo Pires (PSB) recebeu Hélem Machado e Maria José em seu gabinete e de pronto depositou apoio ao projeto.
A secretária municipal de Educação, professora Leiva Custódio Pereira também gostou muito do projeto e pôs-se à disposição para ajudar no que for necessário para a implementação nas escolas de Ji-Paraná. A sugestão de Leiva é que as palestras se iniciem pelas escolas municipais Ruth Rocha, Jandinei Cella e Adão Lamota “por se tratar de escolas que trabalham com a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou seja, são alunos que podem até estar vivendo este tipo de situação”.
“A ideia é informar mais sobre a Síndrome e expor o quanto esse tipo de atitude pode prejudicar a criança, podendo, em casos extremos, levá-las a um quadro depressivo grave e até mesmo ao suicídio”, explicou Hélem Machado.

O que é a SAP?
O termo, segundo o site Síndrome de Alienação Parental, especializado no assunto, foi proposto pelo psiquiatra Richard Gardner em 1985 “para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando forte sentimento de ansiedade e temor em relação a ele”.
Os casos mais frequentes da Síndrome estão ligados a situações onde o fim do casamento gera, em um dos pais, uma tendência vingativa, geralmente causada pela não-aceitação da separação, que desencadeia um processo de desconstrução da imagem, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge, onde o filho é usado como instrumento de agressividade contra o ex-parceiro.
No Brasil, de acordo com matéria publica pela revista IstoÉ em 2008, como em 90% dos casos de separação a guarda dos filhos fica com a mãe, a prática da alienação parental é mais comum às mulheres.
Ainda de acordo com a revista, quem tem a guarda costuma dificultar o contato do filho com o outro genitor, contar mentiras, falar mal e, em casos extremos, inventar que o filho era espancado e até molestado, o que, conforme a psicóloga Hélem Machado acaba prejudicando o filho tanto quanto se a violência realmente tivesse sido praticada.
Outro dado importante a ser tratado nas palestras, é que desde 2010 a alienação parental virou Lei (Nº 12.318), que prevê medidas que vão desde o acompanhamento psicológico até a aplicação de multa ou mesmo a perda da guarda da criança.