quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Autismo: sala de fisioterapia e novo método terapêutico



O Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo de Ji-Paraná – CMAEE Autismo inaugurou na manhã desta quarta-feira (27) uma sala de fisioterapia para atender aos alunos com funções motoras comprometidas. O Centro também comemora a implantação de um novo programa didático que possibilitou quase triplicar o número de atendimentos.
De acordo com a diretora do Centro de Autismo, Márcia Pereira de Souza, há tempos que ela pretendia abrir a sala de fisioterapia, mas somente agora, com chegada da fisioterapeuta Maria José Araújo é que o “sonho pôde ser concretizado”.
Maria José já iniciou os trabalhos atendendo quatro crianças com atraso na coordenação motora, duas delas com dificuldades para manter-se de pé e caminhar.
“Eu nunca tinha trabalhado com crianças autistas. Confesso que no início fiquei um pouco assustada ao imaginar o tamanho do desafio. Mas a equipe aqui do Centro é tão boa, são pessoas tão comprometidas e sempre em busca de coisas novas que acabei ficando à vontade”, explicou Maria José, que presta atendimento no Centro de Autismo às segundas, quartas e sextas-feiras pela manhã e na quinta-feira durante todo o dia.
Além do trabalho com as crianças, Maria José também desenvolve uma atividade de pilates com bola suíça com os servidores do Centro.

Novo método
Até este ano, o único método utilizado pelo Centro para o tratamento do autismo era o método Son-Rise, que por meio de brincadeiras busca as motivações específicas de cada criança e as utilizam para ensinar as competências que ela necessita adquirir. Este trabalho é feito de forma individualizada, aluno por aluno, e exige muita dedicação e tempo dos profissionais e dos pais. O Son-Rise ainda é utilizado para trabalho com as crianças recém-chegadas e com um grau maior de comprometimento. A sala de fisioterapia faz parte desta abordagem didático-terapêutica.
Já no modelo D.I.R. com abordagem Floortime busca-se uma intervenção intensiva e global, que associa a abordagem Flootime, ou “tempo no chão” – técnica em que o terapeuta segue os interesses emocionais da criança ao mesmo tempo em que a desafia a caminhar rumo ao maior domínio das capacidades sociais, emocionais e intelectuais – ao envolvimento e participação da família.
Neste novo programa, as diferentes especialidades terapêuticas são trabalhadas em pequenos grupos de crianças de forma interdisciplinar por equipes divididas por salas. No Centro de Autismo foram preparadas três salas de trabalho: a sala de Linguagem, onde é iniciado o processo de alfabetização, desde pintura à utilização do tablete para modelar e acompanhar a linguagem; a sala Motor, onde se trabalha a resolução de problemas, subir, descer, abaixar, a questão do escuro, a recuperação do susto entre outros; e a sala Tato, ou a “sala da bagunça”, onde é trabalhada a sensibilidade da criança, a estimulação sensorial.
A utilização do método D.I.R. no Centro de Autismo de Ji-Paraná é autorizado por Patrícia Piacentini, Especialista em desenvolvimento infantil e Mestre em Educação Especial pela Universidade Antioch de Santa Bárbara - Califórnia: Terapêuta DIR/Floortime pelo ICDL - USA.

Alimentação adequada
Ainda segundo Márcia Pereira, se não todas, mas a maioria das crianças autistas tem intolerância a algum tipo de alimento. O desafio, portanto, é o de oferecer no Centro uma alimentação específica aos alunos e ainda orientar os pais para fazerem o mesmo em casa.
“Decidimos aqui no Centro, em reunião com os pais, mudar a nossa alimentação. Servimos agora alimentos sem lactose ou glúten. O problema é que na cidade quase não tem alimentos deste tipo, é muito difícil encontrar os produtos e quando encontramos é muito caro. Tínhamos crianças com problema intestinal grave e hoje a gente já conseguiu controlar. Temos agora dificuldade para manter este tipo de dieta. A Prefeitura está com dificuldade para licitar, para comprar. Mas o resultado compensa. Posso dizer que o resultado da alimentação apropriada é maior até mesmo que a terapia”, finalizou a diretora do Centro de Autismo.