O Centro Municipal de Atendimento Educacional
Especializado para Autismo de Ji-Paraná – CMAEE Autismo inaugurou na manhã desta
quarta-feira (27) uma sala de fisioterapia para atender aos alunos com funções
motoras comprometidas. O Centro também comemora a implantação de um novo programa
didático que possibilitou quase triplicar o número de atendimentos.
Maria
José já iniciou os trabalhos atendendo quatro crianças com atraso na
coordenação motora, duas delas com dificuldades para manter-se de pé e
caminhar.
“Eu
nunca tinha trabalhado com crianças autistas. Confesso que no início fiquei um
pouco assustada ao imaginar o tamanho do desafio. Mas a equipe aqui do Centro é
tão boa, são pessoas tão comprometidas e sempre em busca de coisas novas que
acabei ficando à vontade”, explicou Maria José, que presta atendimento no
Centro de Autismo às segundas, quartas e sextas-feiras pela manhã e na
quinta-feira durante todo o dia.
Além
do trabalho com as crianças, Maria José também desenvolve uma atividade de
pilates com bola suíça com os servidores do Centro.
Novo método
Até
este ano, o único método utilizado pelo Centro para o tratamento do autismo era
o método Son-Rise, que por meio de brincadeiras busca as motivações específicas
de cada criança e as utilizam para ensinar as competências que ela necessita
adquirir. Este trabalho é feito de forma individualizada, aluno por aluno, e
exige muita dedicação e tempo dos profissionais e dos pais. O Son-Rise ainda é
utilizado para trabalho com as crianças recém-chegadas e com um grau maior de
comprometimento. A sala de fisioterapia faz parte desta abordagem
didático-terapêutica.
Já
no modelo D.I.R. com abordagem Floortime busca-se uma intervenção intensiva e
global, que associa a abordagem Flootime, ou “tempo no chão” – técnica em que o
terapeuta segue os interesses emocionais da criança ao mesmo tempo em que a
desafia a caminhar rumo ao maior domínio das capacidades sociais, emocionais e
intelectuais – ao envolvimento e participação da família.
Neste
novo programa, as diferentes especialidades terapêuticas são trabalhadas em
pequenos grupos de crianças de forma interdisciplinar por equipes divididas por
salas. No Centro de Autismo foram preparadas três salas de trabalho: a sala de
Linguagem, onde é iniciado o processo de alfabetização, desde pintura à
utilização do tablete para modelar e acompanhar a linguagem; a sala Motor, onde
se trabalha a resolução de problemas, subir, descer, abaixar, a questão do
escuro, a recuperação do susto entre outros; e a sala Tato, ou a “sala da
bagunça”, onde é trabalhada a sensibilidade da criança, a estimulação sensorial.
A
utilização do método D.I.R. no Centro de Autismo de Ji-Paraná é autorizado por
Patrícia Piacentini, Especialista em
desenvolvimento infantil e Mestre em Educação Especial pela Universidade
Antioch de Santa Bárbara - Califórnia: Terapêuta DIR/Floortime pelo ICDL - USA.
Alimentação adequada
Ainda
segundo Márcia Pereira, se não todas, mas a maioria das crianças autistas tem
intolerância a algum tipo de alimento. O desafio, portanto, é o de oferecer no
Centro uma alimentação específica aos alunos e ainda orientar os pais para
fazerem o mesmo em casa.
“Decidimos
aqui no Centro, em reunião com os pais, mudar a nossa alimentação. Servimos agora
alimentos sem lactose ou glúten. O problema é que na cidade quase não tem
alimentos deste tipo, é muito difícil encontrar os produtos e quando
encontramos é muito caro. Tínhamos crianças com problema intestinal grave e
hoje a gente já conseguiu controlar. Temos agora dificuldade para manter este
tipo de dieta. A Prefeitura está com dificuldade para licitar, para comprar.
Mas o resultado compensa. Posso dizer que o resultado da alimentação apropriada
é maior até mesmo que a terapia”, finalizou a diretora do Centro de Autismo.