Francisco destacou as singularidades entre a educação do campo de São Matheus e Ji-Paraná |
Em um mundo globalizado, a troca de
conhecimento, de experiências, a mútua cooperação entre realidades distantes
geograficamente, mas intrinsecamente próximas em sua complexidade deixa de ser
optativa e passa a ser condição sine qua
non para que se possa alcançar a excelência no que se faz. Na educação não
é diferente.
Porém, quanto mais os palestrantes capixabas
aprofundavam-se às raízes dos problemas enfrentados por eles no Espirito Santo
quanto à Educação do Campo - maioria em relação à Educação Urbana (61 das 109
escolas) -, mais aquela realidade refletia aqui, nas dificuldades enfrentadas
no nosso Estado, e mais se vislumbravam possiblidades para solucioná-las,
guardadas, é claro, as devidas proporções e singularidades. Se, por exemplo, eles
falavam em educação em comunidades quilombolas lá, aqui temos a educação em
comunidades indígenas.
Ao final, a troca de experiências entre
os educadores capixabas e rondonienses deu tão certo que a pequena, porém
marcante, participação de José Roberto e Francisco Rodrigues no Seminário
resultou em um acordo técnico de cooperação entre as secretarias de Educação de
São Mateus e Ji-Paraná.
O início dos trabalhos
No dia 26 de outubro aconteceu a
primeira reunião entre os técnicos da Secretaria Municipal de Educação – Semed,
Francisco Rodrigues e os diretores das escolas Bárbara Heliodora (localizada na
4ª Linha da Gleba G), professor João Gomes da Silva, e Pérola (Linha 98, Setor
Riachuelo), professora Maria Aparecida Gomes da Silva. As duas escolas se
ofereceram para o projeto piloto de implantação, em turmas do 6º ao 9º ano do
Ensino Fundamental, da Pedagogia da Alternância, metodologia que intercala
um período de convivência na sala de aula com outro no campo visando diminuir a
evasão escolar em áreas rurais, aos moldes do trabalho realizado em São Mateus/ES.
Envolvendo a comunidade
Nos dois dias subsequentes à primeira
reunião, o técnico Francisco Rodrigues realizou reunião nas duas escolas,
agora, com a participação não só dos diretores, mas também com representantes
do corpo discente e da comunidade para explicar toda a sistemática envolvida no
modelo de educação do campo implantado em São Mateus, como por exemplo, a
função do educador no processo de auto-gestão, elementos para garantir a
integração dos espaços/tempos formativos, organização da estadia e permanência
dos alunos no período integral, entre outros.
Posteriormente, entre os dias 3 e 5 de
novembro, mais duas reuniões aconteceram, uma com educadores e supervisores das
duas escolas e outra com membros da Comissão do Campo para detalhar a proposta
curricular. Ficou a cargo dos membros da Comissão do Campo o trabalho de
organizar e sistematizar todo o farto material trazido por Francisco Rodrigues
para que gestores, professores, pais e alunos das duas escolas, Bárbara e
Pérola, tenham clareza sobre o processo de implantação da nova metodologia de
ensino, bem como os documentos legais que serão necessários para realizá-lo.
Na sexta-feira, dia 6, Francisco
Rodrigues ainda participou como convidado da III Semana da Educação de
Ji-Paraná. O técnico capixaba falou sobre o Plano de Cargos e Carreiras daquela
secretaria, entre outros temas.
Motivando a equipe
“No seminário do campo ficou meio vago,
muita gente não entendeu a proposta da Pedagogia da Alternância. Foi quando o
Francisco se prontificou a retornar a Ji-Paraná para esclarecer melhor,
detalhar mais a proposta implantado em São Mateus. Foi feito o acordo, ele veio
e fez um excelente trabalho com as comunidades, pais e professores no sentido
de esclarecer a metodologia. Teve também a proposta de ele voltar em fevereiro
de 2016 para realizar uma semana de formação com educadores das duas escolas.
Para Francisco é importante também que alguns técnicos e educadores daqui
(Ji-Paraná) vá até São Mateus para visitar as escolas e ver toda a dinâmica que
elas utilizam. Foi de grande valia a participação do professor Francisco, todos
os participantes das reuniões, sejam técnicos da Comissão do Campo, sejam os
educadores das escolas ficaram muito motivados com a proposta”, destacou Janete
de Araújo Pereira, coordenadora de Educação do Campo da Semed.
Semelhanças
A secretária de Educação
de Ji-Paraná, professora mestra Leiva Custódio Pereira viu com bons olhos a
parceria entre as duas cidades e a troca de saberes entre os técnicos.
“Para nós foi muito
importante essa parceria porque Espirito Santos é um dos estados brasileiros
que tem muita experiência com a educação do campo. Nós tivemos a oportunidade
de compartilhar com eles a nossa realidade e eles trouxeram a experiência de
muitos anos em relação à educação do campo. Rondônia é um estado novo, mas tem
muitas semelhanças com Espirito Santo, principalmente com a cidade de São
Matheus com relação à população urbana e rural. Foi muito importante porque foi
possível essa troca. Tivemos também a assessoria desses profissionais no
processo de construção da nossa proposta curricular para o campo. As escolas
que não entenderam bem a proposta no Seminário de Educação do Campo, quando o
técnico Francisco esteve aqui passaram a entender o que era essa proposta, como
funcionário essa Alternância”
A secretária afirmou que no
final do primeiro trimestre de 2016 alguns professores e técnicos farão estágios
em São Matheus para “conhecer a realidade deles”.