segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Parceria entre São Mateus/ES e Ji-Paraná trará novidades à educação do campo em 2016

Francisco destacou as singularidades entre a educação do campo de São Matheus e Ji-Paraná
Em um mundo globalizado, a troca de conhecimento, de experiências, a mútua cooperação entre realidades distantes geograficamente, mas intrinsecamente próximas em sua complexidade deixa de ser optativa e passa a ser condição sine qua non para que se possa alcançar a excelência no que se faz. Na educação não é diferente.
Quando o professor mestre José Roberto Gonçalves de Abreu, secretário municipal de Educação de São Mateus, e o professor Francisco José de Souza Rodrigues, gerente de Educação do Campo começaram a falar de suas experiências junto à área rural naquela longínqua cidade do Sudeste do País, alguns dos participantes do III Seminário de Educação do Campo de Ji-Paraná, realizado em agosto último, ficaram apreensivos e chegaram a questionar quanto à validade da exposição de realidades tão díspares.
Porém, quanto mais os palestrantes capixabas aprofundavam-se às raízes dos problemas enfrentados por eles no Espirito Santo quanto à Educação do Campo - maioria em relação à Educação Urbana (61 das 109 escolas) -, mais aquela realidade refletia aqui, nas dificuldades enfrentadas no nosso Estado, e mais se vislumbravam possiblidades para solucioná-las, guardadas, é claro, as devidas proporções e singularidades. Se, por exemplo, eles falavam em educação em comunidades quilombolas lá, aqui temos a educação em comunidades indígenas.
Ao final, a troca de experiências entre os educadores capixabas e rondonienses deu tão certo que a pequena, porém marcante, participação de José Roberto e Francisco Rodrigues no Seminário resultou em um acordo técnico de cooperação entre as secretarias de Educação de São Mateus e Ji-Paraná.

O início dos trabalhos
No dia 26 de outubro aconteceu a primeira reunião entre os técnicos da Secretaria Municipal de Educação – Semed, Francisco Rodrigues e os diretores das escolas Bárbara Heliodora (localizada na 4ª Linha da Gleba G), professor João Gomes da Silva, e Pérola (Linha 98, Setor Riachuelo), professora Maria Aparecida Gomes da Silva. As duas escolas se ofereceram para o projeto piloto de implantação, em turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, da Pedagogia da Alternância, metodologia que intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo visando diminuir a evasão escolar em áreas rurais, aos moldes do trabalho realizado em São Mateus/ES.

Envolvendo a comunidade
Nos dois dias subsequentes à primeira reunião, o técnico Francisco Rodrigues realizou reunião nas duas escolas, agora, com a participação não só dos diretores, mas também com representantes do corpo discente e da comunidade para explicar toda a sistemática envolvida no modelo de educação do campo implantado em São Mateus, como por exemplo, a função do educador no processo de auto-gestão, elementos para garantir a integração dos espaços/tempos formativos, organização da estadia e permanência dos alunos no período integral, entre outros.
Posteriormente, entre os dias 3 e 5 de novembro, mais duas reuniões aconteceram, uma com educadores e supervisores das duas escolas e outra com membros da Comissão do Campo para detalhar a proposta curricular. Ficou a cargo dos membros da Comissão do Campo o trabalho de organizar e sistematizar todo o farto material trazido por Francisco Rodrigues para que gestores, professores, pais e alunos das duas escolas, Bárbara e Pérola, tenham clareza sobre o processo de implantação da nova metodologia de ensino, bem como os documentos legais que serão necessários para realizá-lo.
Na sexta-feira, dia 6, Francisco Rodrigues ainda participou como convidado da III Semana da Educação de Ji-Paraná. O técnico capixaba falou sobre o Plano de Cargos e Carreiras daquela secretaria, entre outros temas.

Motivando a equipe
“No seminário do campo ficou meio vago, muita gente não entendeu a proposta da Pedagogia da Alternância. Foi quando o Francisco se prontificou a retornar a Ji-Paraná para esclarecer melhor, detalhar mais a proposta implantado em São Mateus. Foi feito o acordo, ele veio e fez um excelente trabalho com as comunidades, pais e professores no sentido de esclarecer a metodologia. Teve também a proposta de ele voltar em fevereiro de 2016 para realizar uma semana de formação com educadores das duas escolas. Para Francisco é importante também que alguns técnicos e educadores daqui (Ji-Paraná) vá até São Mateus para visitar as escolas e ver toda a dinâmica que elas utilizam. Foi de grande valia a participação do professor Francisco, todos os participantes das reuniões, sejam técnicos da Comissão do Campo, sejam os educadores das escolas ficaram muito motivados com a proposta”, destacou Janete de Araújo Pereira, coordenadora de Educação do Campo da Semed.

Semelhanças
A secretária de Educação de Ji-Paraná, professora mestra Leiva Custódio Pereira viu com bons olhos a parceria entre as duas cidades e a troca de saberes entre os técnicos.
“Para nós foi muito importante essa parceria porque Espirito Santos é um dos estados brasileiros que tem muita experiência com a educação do campo. Nós tivemos a oportunidade de compartilhar com eles a nossa realidade e eles trouxeram a experiência de muitos anos em relação à educação do campo. Rondônia é um estado novo, mas tem muitas semelhanças com Espirito Santo, principalmente com a cidade de São Matheus com relação à população urbana e rural. Foi muito importante porque foi possível essa troca. Tivemos também a assessoria desses profissionais no processo de construção da nossa proposta curricular para o campo. As escolas que não entenderam bem a proposta no Seminário de Educação do Campo, quando o técnico Francisco esteve aqui passaram a entender o que era essa proposta, como funcionário essa Alternância”
A secretária afirmou que no final do primeiro trimestre de 2016 alguns professores e técnicos farão estágios em São Matheus para “conhecer a realidade deles”.