quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Seminário discute alternativas pedagógicas à Educação do Campo




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“Durante muito tempo a educação do campo foi esquecida. A educação do campo é uma modalidade de ensino especifica, deveria ter uma visibilidade tanto quanto a Educação Especial e a Educação de Jovens e Adultos. Mas o que nós temos feito hoje no nosso sistema de ensino é apenas transferir para o campo aquilo que nós aplicamos na cidade. Em termos acadêmicos, nós temos alunos e professores no campo tão bons quantos alunos e professores da cidade. Portanto não se trata só de conhecimento acadêmico, mas da concepção de ‘campo’. Trata-se do entendimento da importância dessa pessoa que vive no campo e da importância daquilo que ele produz. Eu penso que uma proposta de educação do campo vai além da metodologia. Ela não precisa ser necessariamente de alternância, ela precisa ser uma proposta concreta, que coloque no centro dos nossos conteúdos o campo”.
O discurso de abertura da titular da Secretaria Municipal de Educação (Semed), professora Leiva Custódio Pereira praticamente resume as discussões que ocorrem hoje (31) e amanhã (1º) no I Seminário Municipal da Educação do Campo, na Escola Família Agrícola (EFA-Itapirema), área rural de Ji-Paraná. O Seminário tem como tema a frase “Semeando sonhos... cultivando direitos” e busca alternativas para uma pedagogia própria à educação do campo, priorizando a permanência do aluno próximo à família e a redução da evasão escolar.
O seminário está sendo organizado pela coordenadora de Educação do Campo da Semed, Jordeci Rodrigues juntamente com equipe técnica da Secretaria.
A parceria com a EFA surgiu da busca por alternativas pedagógicas para levar às escolas rurais do município. A EFA trabalha com a Pedagogia da Alternância, proposta que consiste em mesclar períodos em regime de internato na escola com outros em casa, ou seja, os alunos têm as disciplinas regulares do currículo do Ensino Fundamental e do Médio, além de outras voltadas à agropecuária. Quando retornam para casa, devem desenvolver projetos e aplicar as técnicas que aprenderam em hortas, pomares e criações.
A ideia, segundo Leiva custódio, é aproveitar o que tem dado certo nesta metodologia e criar uma metodologia própria para a educação rural do Município, respeitando suas peculiaridades. Daí a importância do seminário no sentido de levantar propostas para esse novo modelo de Educação do Campo.
Quanto à importância do seminário, o prefeito Jesualdo Pires lembrou que “Aqui nós vamos começar e aprofundar uma discussão para saber quais as melhores alternativas para nossos alunos, qual o melhor caminho a ser tomado (...) será a Pedagogia da Alternância, como é trabalhado nas EFAs? Penso que é um bom início. Porque ela faz com que o jovem, o estudante tenha o conhecimento teórico dentro da escola e o conhecimento técnico também. Com o tempo eles passam a aplicar isso dentro da propriedade, passa a ter um vínculo maior com a terra também. Antigamente, o próprio professor do campo dizia para o aluno: “você precisa estudar bastante para não ficar igual ao seu pai, no sítio” isso é um absurdo (...) o jovem tem que estudar bastante, aprender muito para também ter condições de se desenvolver no campo (...) ele tem que ter opção, ele pode ir para a cidade se quiser, mas se ele se sente melhor no campo ele tem que ter essa opção, essa oportunidade”.

Programação
Pela manhã, aconteceu uma palestra sobre Políticas Públicas para a Educação do Campo, ministrada pela assessora da Contag-Brasília, Eliane Novaes Rocha. À tarde estava marcada uma mesa redonda sobre Análise da Atual Conjuntura da Educação do Campo, com participação de Fábio Assis de Menezes, da Fetagro/Ji-Paraná, Matilda Lima, da Via Campesina/Ouro Preto do Oeste e da professora doutora Marilsa Miranda de Souza, da Unir/Ji-Paraná. Antes do encerramento dos trabalhos, ainda haveria uma Oficina Diagnóstica, tendo como mediador José de Arimatéia.